quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Apareceu para não ser esquecida.

       
       
      O calor foi embora, ela roubou descaradamente seu lugar nessa tarde. Da janela observo-a dar seu show; a chuva, a majestosa. Há dias ela não dava as caras. Agora está aí, lavando a cidade com suas lágrimas frias.
      Não vejo muitas coisas dessa janela. Apenas umas plantas e os fundos da casa, é muito limitado, não gosto. Minha vida, aliás, pode ser comparada à janela, ou meus sentimentos sei lá, que no momento um sufocamento cretino toma conta. 
     A chuva não, ela é livre. Rolando ruas afora, trazendo e levando tristezas e alegrias; sorrisos e lágrimas, devaneios. Vai e volta quando quer, amada e odiada, ela não se importa. Sabe que é indispensável, é convencida e humilde, quando tem que ser. É fria, às vezes triste. Consegue ser graciosa e ameaçadora ao mesmo tempo, quando quer. Eu que nunca fiz muita questão estou passando a admirá-la, confesso. 
       Gostaria de ser como ela.


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